quarta-feira, junho 20, 2012

Figura humana II


Outra forma humana utilizada nos ornamentos é aquela de uma cabeça feminina cercada por uma palmeta, um feixe de plumas ou tecidos pendentes lateralmente. Às vezes, aparece com orelhas de boi e lembra a deusa egípcia Hattor e, nesse caso, combinada com uma lua, ou outro símbolo noturno. É um motivo antigo, frequente no século XVI, e tem destaque maior no começo do XVIII, quando é conhecida como espanholete.
Elementos que lembram esse ornamento são encontrados em edificações em Belém.

Batistério da Igreja da Sé, Belém, Pará
Foto: Domingos Oliveira, 2010

Casarão na Rua Gaspar Viana, Belém, Pará
Foto: Domingos Oliveira, 2011

Casarão na Rua 15 de novembro, Belém, Pará
Foto: Domingos Oliveira, 2011

Residência na Avenida Alcindo Cacela, Belém, Pará
Foto: Domingos Oliveira, 2011

Para algumas crenças, os anjos são espíritos puros, assexuados, intermediários entre Deus e a humanidade. A partir da idade paleocristã, foram representados, em geral, como rapazes alados e com auréola luminosa e, no Renascimento italiano, também em forma de meninas. Cabeças de anjos com asas, cabeças de jovens com uma auréola, foram utilizadas, primeiramente, no estilo Bizantino. No Renascimento italiano, as figuras angelicais apareceram nos frisos e arcos, nos medalhões e nas molduras. Muitas vezes, ocorreram em túmulos e são muito utilizados na moderna decoração eclesiástica.

Detalhe de um retábulo na sacristia da Igreja de Santana, Belém, Pará
Foto: Domingos Oliveira, 2007

Detalhe do frontão de uma residência na Travessa Doutor Moraes, Belém, Pará
Foto: Domingos Oliveira, 2011

Ainda a respeito do uso das figuras angelicais como ornamento ver os exemplos a seguir, no Cemitério da Soledade, no centro da cidade.
Cemitério da Soledade, Belém, Pará
Foto: Domingos Oliveira, 2011

Cemitério da Soledade, Belém, Pará
Foto: Domingos Oliveira, 2011

A utilização de platibandas nas edificações de Belém, a partir do século XIX, propiciou a utilização de variados elementos ornamentais dentre eles as figuras humanas representadas em sua totalidade ou apenas sob a forma de bustos.
Bustos no frontão de uma residência na Rua 16 de novembro, Belém, Pará
Foto: Domingos Oliveira, 2011

Estátua sobre platibanda na Rua Senador Manoel Barata, Belém, Pará
Foto: Domingos Oliveira, 2011

Estátua sobre platibanda na Rua Senador Manoel Barata, Belém, Pará
Foto: Domingos Oliveira, 2011

Estátua sobre platibanda na Rua Santo Antônio, Belém, Pará
Foto: Domingos Oliveira, 2011 
______________
Fontes:

MEYER, Franz Sales. A handbook of ornament. New York, The Architectural Book Publishing Company, 1920?. Disponível em:  http://ia331434.us.archive.org/1/items/handbookoforname1900meye/handbookoforname1900meye.pdf> Acesso em: 25 jul 2010.

OLIVEIRA, Domingos Sávio de Castro. O vocabulário ornamental de Antônio José Landi: um álbum de desenhos para o Grão Pará. 2011. 227 p. Dissertação (Mestrado em Artes). Instituto de Ciências da Arte da Universidade Federal do Pará, Belém, 2011.

segunda-feira, junho 18, 2012

Figura humana I


A figura humana foi, e é, o objeto favorito de representação na arte. Deuses, seres venerados, figuras da imaginação, são representados sob a forma humana. O corpo humano é, muitas vezes, representado sem qualquer significado e apenas decorativamente por conta da beleza da forma.
Essa postagem tem como objetivo trazer o que se tem nas fachadas, ou mesmo interiores, de algumas edificações de Belém quando o tema é a figura humana.

Desde que foi introduzida na decoração, a figura humana tem sido tratada de forma convencionada. Isso inclui o uso da face humana de forma mais ou menos fiel à natureza - as máscaras - ou com deformações - os mascarões -, estranhas combinações de formas humanas e formas de animais ou plantas.

A seguir, alguns exemplos de máscaras utilizadas de forma isolada, em sua maioria, nos arcos de portas e janelas de residências.
Exemplares de máscaras, respectivamente, nas ruas Gama Abreu, 16 de novembro
e Tomázia Perdigão, Belém, Pará
Foto: Domingos Oliveira, 2011

Residência na Rua Senador Manoel Barata, Belém, Pará
Foto: Domingos Oliveira, 2011

Residência na Tv. dos Tupinambás, Belém, Pará
Foto: Domingos Oliveira, 2011


Residência na Avenida 16 de novembro, Belém, Pará
Foto: Domingos Oliveira, 2011


A seguir, as máscaras em composições mais elaboradas.
Residência na Av. 16 de novembro, Belém, Pará
Foto: Domingos Oliveira, 2011

Prédio do Quartel General na Rua João Diogo, Belém, Pará
Foto: Domingos Oliveira, 2011


Prédio do Quartel General na Rua João Diogo, Belém, Pará
Foto: Domingos Oliveira, 2011


Residência na Travessa Quintino Bocaiúva, Belém, Pará
Foto: Domingos Oliveira, 2011


Rua 15 de novembro, Belém, Pará
Foto: Domingos Oliveira, 2011


Rua 15 de novembro, Belém, Pará
Foto: Domingos Oliveira, 2011


Travessa São Francisco, Belém, Pará
Foto: Domingos Oliveira, 2011

Travessa  São Francisco, Belém, Pará
Foto: Domingos Oliveira, 2011

Rua 28 de setembro, Belém, Pará
Foto: Domingos Oliveira, 2011


Avenida 16 de novembro, Belém, Pará
Foto: Domingos Oliveira, 2011

O exemplo a seguir mostra o uso de mascarões: cabeças com expressões grotescas das quais brotam elementos vegetalistas.
Frontão de uma residência na Avenida 16 de novembro, Belém, Pará
Foto: Domingos Oliveira, 2011

Foi frequente, o uso da metade superior do corpo humano como ponto de partida do ornamento, ou combinada com animais, originando, por exemplo, esfinges e centauros.
Nas arquiteturas egípcia, persa, grega e romana é possível encontrar figuras humanas como apoios de vigas e telhados. Os nomes modernos - Cariátides e Atlantes - para tais suportes são derivados da Antiguidade. O nome Cariátide, por exemplo, para figuras de apoio femininas, é derivado da cidade de Caryae, no Peloponeso, ou segundo outra versão, imitações de virgens que dançavam no Templo de Caryse na festa de Diana. Sua introdução na arquitetura também pode ser devida ao fato de que as Senhoras de Caryae, como castigo pelo apoio que deram aos persas, foram obrigadas a servir como transportadoras de carga (MEYER, 1920, p. 241).
A Idade Média fez pouco uso de Atlantes e Cariátides; a Renascença e os estilos seguintes, ao contrário, usaram-nos livremente, isolados ou conectados com paredes, em alto e baixo relevo.
Da arquitetura em Belém, inspirados nas Cariátides gregas, extraímos os dois exemplo a seguir, ambos utilizados como suportes de sacadas.

Av. Generalíssimo Deodoro, Nazaré, Belém , Pará
Foto: Domingos Oliveira, 2011


Av. Generalíssimo Deodoro, Nazaré, Belém, Pará
Foto: Domingos Oliveira, 2011

Figuras que lembram atlantes reduzidos, Travessa São Francisco, Belém, Pará
Foto: Domingos Oliveira, 2011

De um casarão localizado na área do Centro Histórico da cidade foi extraído o exemplo a seguir: uma espécie de sereia. Foi utilizada como arremate lateral de uma platibanda.
Platibanda de um casarão localizado na Rua Manoel Barata, Belém, Pará
Foto: Domingos Oliveira, 2011

Uma sequência de figuras que lembram pequenos Atlantes formam a platibanda de um casarão no Centro Histórico de Belém.
Espécie de pequenos Atlantes, na Rua 15 de novembro, Belém, Pará
Foto: Domingos Oliveira, 2011
______________
Fontes:


MEYER, Franz Sales. A handbook of ornament. New York, The Architectural Book Publishing Company, 1920?. Disponível em:  http://ia331434.us.archive.org/1/items/handbookoforname1900meye/handbookoforname1900meye.pdf> Acesso em: 25 jul 2010.

OLIVEIRA, Domingos Sávio de Castro. O vocabulário ornamental de Antônio José Landi: um álbum de desenhos para o Grão Pará. 2011. 227 p. Dissertação (Mestrado em Artes). Instituto de Ciências da Arte da Universidade Federal do Pará, Belém, 2011.