quinta-feira, fevereiro 16, 2012

Acrotérios

O acrotério, do grego, elemento mais elevado, é o recurso que serve como arremate ornamental para o ponto mais alto de um frontão. Templos antigos apresentam esse elemento em uma grande variedade de materiais: pedra ou terracota, por exemplo, dependendo do material de que é feita a cobertura. Grupos de figuras, por vezes, foram utilizados para esse fim, mas os habituais recursos foram placas de mármore, tendo como ornamento uma palmeta e, por vezes, uma máscara.

Templo de Zeus, Olímpia, Grécia
Fonte: upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/4/47/Zeustempel_Olympia.PNG

O acrotério de canto, ou angular, é usualmente encontrado nas extremidades inferiores dos frontões triangulares, e consistem na metade do motivo do elemento central. Utilizados, primeiramente, na arquitetura da Antiguidade Clássica, foi utilizado também como elemento ornamental de urnas funerárias e sarcófagos.
Exemplos de acrotérios
Fonte: Meyer (1920?), p. 168

O acrotério obteve, com o passar do tempo, um desenvolvimento na decoração escultórica. O mais comum é a utilização de elementos vegetais, entretanto também é possível encontrar esculturas de aspecto redondo como vasos, bolas, globos, prismas facetados, pinhas, animais fantásticos e até estatuetas humanas. Ao se adaptar aos edifícios revivalistas e classicistas, passou a ser usado também na arquitetura não religiosa, deixando de surgir somente em edifícios públicos, para ser empregado, em todas as tipologias arquitetônicas.

A seguir, alguns exemplos de acrotérios encontrados na cidade de Belém.
Os dois exemplos que seguem estão aplicados: o primeiro em uma edificação civil e o segundo em uma edificação religiosa. A respeito do primeiro, ressaltamos que não foi utilizado em um frontão triangular como de costume, e do segundo, destaque para as exageradas proporções em relação às dimensões da pequena capela.
Boulevar Castilhos França esquina com a Travessa Frutuoso Guimarães, Belém, Pará
Foto: Domingos Oliveira, 2011

Capela da Medalha Milagrosa, Rua Senhador Lemos, Telégrafo, Belém, Pará
Foto: Domingos Oliveira, 2011
 
As próximas imagens, referem-se a túmulos localizados no Cemitério da Soledade, na área central da cidade. Os acrotérios aí existentes são, na maioria das vezes, em forma de placas com motivos vegetalistas, mas podem ser encontrados também sob a forma de cruzes, estátuas e vasos.
A respeito desse cemitério, ver as postagens Portas da Saudade, Ornamentos da Saudade I e Ornamentos da Saudade - final.
 Detalhe de um mausoléu no Cemitério da Soledade, Belém, Pará
Foto: Domingos Oliveira, 2011

 Detalhe de um mausoléu no Cemitério da Soledade, Belém, Pará
Foto: Domingos Oliveira, 2011

 
Detalhe de um mausoléu no Cemitério da Soledade, Belém, Pará
Foto: Domingos Oliveira, 2011

Detalhe de um mausoléu no Cemitério da Soledade, Belém, Pará
Foto: Domingos Oliveira, 2011

O Palácio Antônio Lemos, a seguir, edificação do século XIX, do chamado estilo Império Brasileiro, mostra frontões triangulares e acrotérios em forma de estátuas e vasos.
Acrotérios em forma de estátuas na fachada do Palácio Antônio Lemos, Belém, Pará
Foto: Domingos Oliveira, 2009
Acrotérios em forma de vasos na fachada do Palácio Antônio Lemos, Belém, Pará
Foto: Domingos Oliveira, 2009

O acrotério, aparece na obra do italiano Antônio Landi, comumente sob a forma de uma cruz do tipo latina. São exemplos, as fachadas para as igrejas de São João Batista e Santana, a seguir.
Fachada da Igreja de Santana, Belém, Pará
Foto: Domingos Oliveira, 2011

Fachada da Igreja de São João Batista, Belém, Pará
Foto: autor desconhecido

Ainda na obra landiana (desenhos), é possível encontrar acrotérios sob a forma de cruzes, de prismas facetados ou de vasos fogaréu, como nos exemplos a seguir.
Detalhe da fachada da Igreja de Gurupá, Pará (cruz e prismas facetado)
Fonte: Biblioteca Nacional do Brasil - Rio de Janeiro

 
Detalhe da fachada da Igreja de Igarapé-miri, Pará (cruz e prismas facetados)
Fonte: Biblioteca Nacional do Brasil - Rio de Janeiro

 Capela para o palácio da família do Governador Teive, Pangim, Índia (cruz e vasos fogaréu)
Fonte: MENDONÇA, 2003, p. 491

Capela para o palácio da família do Governador Teive, Pangim, Índia
 (outra versão) (cruz e vasos fogaréu)
Fonte: MENDONÇA, 2003, p. 492
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MENDONÇA, Isabel Mayer Godinho. Antonio José Landi (1713-1791): um artista entre dois continentes. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2003.

MEYER, Franz Sales. A handbook of ornament. New York, The Architectural Book Publishing Company, 1920?. Disponível em: http://ia331434.us.archive.org/1/items/handbookoforname1900meye/handbookoforname1900meye.pdf> Acesso em: 25 jul 2010.

OLIVEIRA, Domingos Sávio de Castro. O vocabulário ornamental de Antônio José Landi: um álbum de desenhos para o Grão Pará. 2011. 227 p. Dissertação (Mestrado em Artes). Instituto de Ciências da Arte da Universidade Federal do Pará, Belém, 2011.

domingo, fevereiro 05, 2012

Cariátides

Foi frequente, o uso da metade superior do corpo humano como ponto de partida do ornamento, ou misturada com animais, originando, por exemplo, esfinges e centauros.
Nas arquiteturas egípcia, persa, grega e romana é possível encontrar figuras humanas como apoios de vigas e telhados. Os nomes modernos para tais suportes são derivados da Antiguidade. Segundo a mitologia grega, o Atlas suporta o cofre do céu nas extremidades da terra, daí provindo o nome Atlantes para os apoios em forma masculina. O nome Cariátide, para figuras de apoio femininas, é derivado da cidade de Caryae, no Peloponeso, ou segundo outra versão, imitações de virgens que dançavam no Templo de Caryse na festa de Diana. Sua introdução na arquitetura também pode ser devida ao fato de que as Senhoras de Caryae, como castigo pelo apoio que deram aos persas, foram obrigadas a servir como transportadoras de carga (MEYER, 1920, p. 241).
De frente e de lado, Cariátides, à esquerda, e Atlantes, à direita
Fonte: Meyer, 1920, p.243
A Idade Média fez pouco uso de atlantes e cariátides; a Renascença e os estilos seguintes, ao contrário, usaram-nos livremente, isolados ou conectados com paredes, em alto e baixo relevo.

Da arquitetura em Belém, inspirados nas Cariátides gregas, extraímos os dois exemplo a seguir, ambos utilizados como suportes de sacadas.
 Av. Generalíssimo Deodoro, Nazaré, Belém, Pará
Foto: Domingos Oliveira, 2011
  Av. Generalíssimo Deodoro, Nazaré, Belém, Pará
Foto: Domingos Oliveira, 2011
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MEYER, Franz Sales. A handbook of ornament. New York, The Architectural Book
Publishing Company, 1920?. Disponível em: http://ia331434.us.archive.org/1/items/handbookoforname1900meye/handbookoforname1900meye.pdf> Acesso em: 25 jul 2010.