Dando prosseguimento a minha contribuição aos estudos do Cemitério da Soledade, a seguir, listo, mais alguns ornatos encontrados nesse espaço.
Em todas as eras, as flores foram extremamente populares na arte ornamental, seja no plano, seja no relevo. Foram usadas sob as formas mais diversas, aplicadas em ramos, festões, guirlandas e coroas. A flor lembra o estado de infância e, assim, de certa forma, o paraíso. Os túmulos do Cristianismo primitivo (assim como dos pagãos) eram localizados, com frequência, dentro de jardins. Enfeitavam-se os túmulos com flores frescas, ou com suas representações, a fim de evocar a imagem do paraíso repleto de flores. Uma vez que igrejas e altares estão ligados diretamente aos túmulos dos mártires, o seu ornato logo se transferiu àqueles (HEINZ-MOHR, 1994, p. 163).
A ROSETA - flor estilizada - foi empregada já na Mesopotâmia. Fez parte de estilos revivalistas na arquitetura desde a Renascença. É utilizada em sequência ou separada, formando faixas. No primeiro exemplo abaixo, vê-se uma sucessão de rosetas combinadas a entrelaçados. No segundo, as rosetas aparecem isoladas e no terceiro, formando uma faixa.
Em todas as eras, as flores foram extremamente populares na arte ornamental, seja no plano, seja no relevo. Foram usadas sob as formas mais diversas, aplicadas em ramos, festões, guirlandas e coroas. A flor lembra o estado de infância e, assim, de certa forma, o paraíso. Os túmulos do Cristianismo primitivo (assim como dos pagãos) eram localizados, com frequência, dentro de jardins. Enfeitavam-se os túmulos com flores frescas, ou com suas representações, a fim de evocar a imagem do paraíso repleto de flores. Uma vez que igrejas e altares estão ligados diretamente aos túmulos dos mártires, o seu ornato logo se transferiu àqueles (HEINZ-MOHR, 1994, p. 163).
A ROSETA - flor estilizada - foi empregada já na Mesopotâmia. Fez parte de estilos revivalistas na arquitetura desde a Renascença. É utilizada em sequência ou separada, formando faixas. No primeiro exemplo abaixo, vê-se uma sucessão de rosetas combinadas a entrelaçados. No segundo, as rosetas aparecem isoladas e no terceiro, formando uma faixa.
A SERPENTE, quando esculpida engolindo a si própria, denota a eternidade. Nos exemplos a seguir, a serpente está em forma de círculo tendo, ao centro, respectivamente, um girassol e uma rosa. O girassol é o símbolo da fé em Cristo e a rosa, na Idade Média, um atributo das virgens, e também um símbolo da Virgem Maria (LEXIKON, 1994, p.175).
Um MANTO (ou uma cortina) sobre os objetos refere-se à tristeza que os envolveu. Em geral, está associados a outros símbolos, como um livro ou uma coluna. Nos exemplos a seguir, o manto cobre, quase totalmente, o objeto, uma espécie de vaso.
O uso constante de VASOS na decoração dos templos deve-se, principalmente, ao seu sentido esotérico. O vaso está ligado à simbologia da fecundidade – o útero – e representa, portanto, um depositário da vida, o tesouro da vida espiritual (SOBRAL, 1986, p. 116).
O vaso simboliza, quando vazio, o corpo separado da alma e, coberto com um manto, refere-se à tristeza que o cobriu.
A seguir, alguns exemplos: o primeiro, de ferro, é um detalhe de um gradil de proteção de um túmulo; o segundo, destaque para o nome de mulher gravado no corpo do vaso; o terceiro é envolvido, parcialmente, por folhas.
O vaso simboliza, quando vazio, o corpo separado da alma e, coberto com um manto, refere-se à tristeza que o cobriu.
A seguir, alguns exemplos: o primeiro, de ferro, é um detalhe de um gradil de proteção de um túmulo; o segundo, destaque para o nome de mulher gravado no corpo do vaso; o terceiro é envolvido, parcialmente, por folhas.
Há um grupo de vasos que possui em seu topo, como se fosse uma tampa, um ornamento que imita chamas. É denominado VASO-FOGARÉU ou simplesmente fogaréu. Simboliza o elemento fogo, a destruição das forças do mal pela purificação e é, normalmente, utilizado como símbolo da fé e do sacrifício. Foi utilizado em fachadas de edifícios, bem como em retábulos nas igrejas. Nos túmulos do Soledade, podem ser encontrados alguns exemplos como os vistos a seguir.
Dos exemplos seguintes, os quatro primeiros possuem, em comum, o uso de um panejamento em seu corpo, adornado-o. O quinto possui a seção do corpo com forma não circular, contrário dos demais, e apresenta ranhuras horizontais.
A imagem a seguir mostra dois ângulos do PÓRTICO localizado atrás da capela do Cemitério. Há nele, alguns elementos que fazem citações à linguagem utilizada pelo arquiteto italiano Antônio Landi como: as volutas formando aletas lateralmente e o uso da linha curva combinada com segmentos de reta nas laterais, além de vasos-fogaréu.
O mausoléu a seguir é como uma réplica, em proporções menores, de um templo dórico e seus detalhes ornamentais: frontão triangular com acrotério sob a forma de uma cruz, tríglifos,no friso, gotas abaixo desse, capitel e pilar com fuste estriado.
Abaixo da imagem, está um desenho com os ornamentos citados.
Detalhes ornamentais da ordem dórica
Fonte: KOCH, 2004, p. 11
Este é um dos mausoléus mais ornados do Soledade. O frontão é encimado por um elemento em arco, coroado por uma cruz, no qual há uma águia com as asas abertas. No centro da composição, há uma cártula com a dedicatória do proprietário do mausoléu, sob a qual há uma cabeça de anjo alada. Enquadrando a cartela, pilastras, volutas e conchas. Em cada lado do frontão, um vaso fogaréu. O friso tem, ao longo de seu desenvolvimento, elementos vegetalistas, ao centro, duas cabeças de animais e, nas extremidades, cabeças de Cristo. Os pilares são coroados por capiteis nos quais há dragões e elementos vegetalistas. A porta do mausoléu, em arco pleno, é encimada por uma cabeça de anjo alada.
A seguir, outro exemplar bastante ornamentado. Sem a leveza dos demais túmulos, este exibe formas pesadas, principalmente, na parte superior com grandes peças, semelhantes a acrotérios, e rosetas. Destaque para as duas figuras femininas, como se fossem apoios, que lembram Cariátides gregas. No centro do conjunto, ao alto, folhas circundam o elemento superior. Sob as folhas, estão: uma ampulheta e um par de asas abertas sobrepostos a um osso e uma foice cruzados. Abaixo do conjunto, um brasão, no qual se observa uma âncora, símbolo relacionado à patente militar do proprietário do túmulo. Na parte de baixo, central, uma inscrição contendo uma dedicatória. Acima do texto, um festão vegetalista em arco e dois, pendentes nas laterais. Na base do jazigo, sequência de elementos circulares, semelhantes a botões.
Esta postagem encerra, por enquanto, a análise / descrição parcial dos ornamentos do Cemitério da Soledade. Sem a pretensão de querer esgotar o assunto ou de fazer um inventário do acervo cemiterial do local, esta é minha contribuição para que se olhe com mais atenção para essa que é uma das preciosidades da cidade de Belém, e que vai, há anos, tentando guardar recordações de um tempo distante.
Todas as imagens: Domingos Oliveira, 2011
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HEINZ-MOHR, Gerd. Dicionário dos Símbolos: imagens e sinais da arte cristã. São Paulo: Paulus, 1994.
KOCH, Wilfried. Dicionário dos Estilos Arquitetônicos. São Paulo: Martins Fontes, 2004.
LEXIKON, Herder. Dicionário de Símbolos. São Paulo: Cultrix, 1994.
OLIVEIRA, Domingos Sávio de Castro. O vocabulário ornamental de Antônio José Landi: um álbum de desenhos para o Grão Pará. 2011. 227 p. Dissertação (Mestrado em Artes). Instituto de Ciências da Arte da Universidade Federal do Pará, Belém, 2011.
SOBRAL, Maria de Lourdes Sampaio. As Missões Religiosas e o Barroco no Pará. Belém: Universidade Federal do Pará, 1986.
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