terça-feira, setembro 06, 2011

O quartel dos soldados

O local hoje conhecido como Praça da Bandeira (já denominada Praça Saldanha Marinho), viu ser erguido, no século XVIII, sob o risco do italiano Antônio Landi, o Quartel de Soldados. O projeto para essa edificação faz parte dos álbuns com os desenhos para o Palácio dos Governadores, cujos dois exemplares conhecidos estão arquivados: um na Biblioteca Nacional de Lisboa e o outro no Arquivo Gonçalo de Vasconcelos e Sousa, no Porto, ambos em Portugal.
 
Desenho de Antônio Landi para o Quartel dos Soldados: vista principal e planta baixa
Fonte: www.forumlandi.ufpa.br
Conforme descrição de Antônio Baena, em seu Compêndio das Eras da Província do Pará (1969, p. 194), esse prédio teria um pavimento. Uma gravura de Joseph Léon Righini [1] do século XIX sugere, entretanto, a existência de um segundo pavimento. Nessa gravura é possível ver três obras em que Landi colaborou: o referido Quartel dos Soldados, a Catedral da Sé e parte da cobertura do Palácio Lauro Sodré. Além desses edifícios, são vistos: no centro da imagem, o Lyceu Benjamin Constant (atual Colégio Paes de Carvalho) e a lateral do Palácio Antônio Lemos, edificações do século XIX.
Largo do Quartel, na segunda metade do século XIX, segundo Joseph Léon Righini
Fonte: http://www.ufpa.br/cma/imagens.html
Praça da Bandeira - cartão postal do início do século XX, à esquerda o Quartel dos Soldados
Fonte: Belém da Saudade. Belém: SECULT, 1996, p.183
Aproximadamente na área onde existiu o Quartel dos Soldados, foi construído, no início do século XX, o imponente prédio do Quartel General que abriga, hoje, o Comando da 8ª Região Militar e 8ª Divisão do Exército.
A fachada do edifício apresenta uma profusão de elementos ornamentais dos quais podemos destacar o que se segue. Vale ressaltar que a mais recente pintura do prédio permitiu que esses elementos fossem ressaltados.
O frontão da edificação é em forma de arco segmentado e apresenta uma composição de elementos como canhões, balas, lanças e flâmulas. A composição tem ao centro uma figura feminina sobre o Brasão de Armas do Brasil.  Abaixo do frontão há a inscrição Quartel General ladeada pilastras sobre as quais há mascarões e elementos pendentes. Logo abaixo dessa inscrição, há uma sequência de mísulas que marca toda a extensão da fachada.
 Detalhe do frontão da edificação
Fonte: Domingos Oliveira, Jul/201
A imponente porta principal em arco pleno tem ao centro uma cartela com a data de construção do edifício, formada por motivos vegetalistas, sobre uma cabeça feminina, elemento recorrente nessa fachada.
Na lateral da moldura, há volutas e elementos pendentes. A grade que fecha a bandeira da porta é composta de elementos avolutados. Ladeando a porta há colunas destacadas de seção circular coroadas por capitéis compósitos. A coluna tem caneluras, a aproximadamente um quarto da base.
 Detalhe da porta da edificação
Fonte: Domingos Oliveira, Jul/201
As janelas do piso superior têm vergas em arco pleno e as do piso inferior, retas e alternam balaustradas ou gradis de ferro fundido. Assim como no setor central, há no topo dos laterais: canhões, balas e elementos vegetalistas.
Os capitéis das pilastras apresentam volutas, cabeças femininas e elementos vegetalistas e pendentes.
Assim como a já citada sequência de mísulas, esses elementos são utilizados inúmeras vezes ao longo da fachada.
 Detalhe da parte superior lateral da fachada
Fonte: Domingos Oliveira, Jul/2011
 Detalhe da parte inferior lateral da fachada
Fonte: Domingos Oliveira, Jul/2011

[1] A litogravura faz parte do álbum Panorama do Pará em Doze Vistas, de J. L. Righini, que pode ser visualizado no site do Centro de Memória da Amazônia, http://www.ufpa.br/cma/imagens.html. Segundo Mello Júnior (1973, n.p.), uma reprodução da mesma imagem faz parte do Catálogo da exposição cartográfica e iconográfica comemorativa do V centenário do nascimento de Pedro Alvares Cabral, Descobridor do Brasil, Lisboa, 1968, il.

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